Há
pouco mais de 10 anos, quando fui fazer a minha primeira prova do vestibular, o
tema da redação previa o fim do jornalismo impresso em 20 anos. As “Bestas do
Apocalipse” já assombravam naquela época e, lógico, discordei com veemência.
Afinal, como poderíamos ser tão altruístas ao afirmar que o Jornal, que hoje
folheamos, daqui a vinte anos iria acabar?! E como iam ficar a pintura de
nossas casas, carros, sem ter os jornais? Isso seria um ultraje.
Brincadeiras
à parte, não disse isso em minha redação. Mas toquei no ponto sobre evolução
tecnológica e o comportamento humano com o passar do tempo. Na época, não
conseguia conceber como uma instituição de mais de 300 anos iria sucumbir com o
aprimoramento tecnológico em 20 anos.
Apesar
de entusiasta tecnológico, ainda tenho um prazer guardado no passado em que,
ler cartas sempre recorre a um tempo distante, mas, muito precioso. Se
adaptarmos as nossas necessidades pelo constrangimento do tempo, não é porque
achamos menos prazer em ler um jornal em nosso momento de descanso ou ler uma
carta. Aliás, você sabe quando foi à última que você recebeu, sem que fosse a
fatura de seu cartão de crédito?
Voltando
ao Jornalismo de hoje em que, discutimos se um jornalista precisa agir como
jornalista e um publicitário como tal, um RP da mesma forma, questionamos mais
uma vez as regras de mercado e a necessidade do profissional multitarefa.
Professores e estudiosos sobre o tema, como o espanhol Ramón Salaverria, já se
estenderam demais ao falar que a convergência, como processo dentro das
instituições jornalísticas, visam transformar o profissional numa máquina de
mil braços com inúmeras funções e com o salário reduzido.
Como
profissional, não concordo com as regras de mercado, mas infelizmente elas se
fazem presentes: ou nos adaptamos ou somos realocados para o grupo dos
desempregados. As multiplicidades de opiniões que surgiram com o surgimento das
redes sociais digitais e a apologia do consumo
com as novas tecnologias de
difusão e distribuição de conteúdo mostram
que o futuro guarda mudanças mais profundas ao jornalismo, mas nem mesmo
elas são precisas quando se aponta uma tendência ao Jornalismo do futuro.
Em
2011, vimos a Newsweek (uma das publicações mais tradicionais do mundo, deixar
de circular em meio impresso e só se restringir ao Online). Em contrapartida, o
The Daily, que apostou na era da comercialização digital da informação através
do iPad, vai encerrar as atividades no início de 2013 por não apresentar o
resultado além do esperado.
Se
não chegamos a um consenso sobre como se dará o consumo da informação no
futuro, como poderemos ser pretensiosos o bastante para afirmar que o
jornalismo impresso acabaria dentro de alguns anos?! Vou mais além: existe quem
aponte de que forma sobreviverá o jornalismo que conhecemos, no futuro.
Uma
coisa para mim é certa: continuaremos lendo confortavelmente as revistas e os
folhetins impressos por muitos anos. Continuaremos ludibriados pelas editorias
inescrupulosas de seus jornais. Continuaremos tendo nossas opiniões mediadas
pelos jornais e isso, não mudará nem nesta, nem na próxima década.
Rafael Gomes
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