terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Há futuro no Jornalismo?


Há pouco mais de 10 anos, quando fui fazer a minha primeira prova do vestibular, o tema da redação previa o fim do jornalismo impresso em 20 anos. As “Bestas do Apocalipse” já assombravam naquela época e, lógico, discordei com veemência. Afinal, como poderíamos ser tão altruístas ao afirmar que o Jornal, que hoje folheamos, daqui a vinte anos iria acabar?! E como iam ficar a pintura de nossas casas, carros, sem ter os jornais? Isso seria um ultraje.
Brincadeiras à parte, não disse isso em minha redação. Mas toquei no ponto sobre evolução tecnológica e o comportamento humano com o passar do tempo. Na época, não conseguia conceber como uma instituição de mais de 300 anos iria sucumbir com o aprimoramento tecnológico em 20 anos.
Apesar de entusiasta tecnológico, ainda tenho um prazer guardado no passado em que, ler cartas sempre recorre a um tempo distante, mas, muito precioso. Se adaptarmos as nossas necessidades pelo constrangimento do tempo, não é porque achamos menos prazer em ler um jornal em nosso momento de descanso ou ler uma carta. Aliás, você sabe quando foi à última que você recebeu, sem que fosse a fatura de seu cartão de crédito?
Voltando ao Jornalismo de hoje em que, discutimos se um jornalista precisa agir como jornalista e um publicitário como tal, um RP da mesma forma, questionamos mais uma vez as regras de mercado e a necessidade do profissional multitarefa. Professores e estudiosos sobre o tema, como o espanhol Ramón Salaverria, já se estenderam demais ao falar que a convergência, como processo dentro das instituições jornalísticas, visam transformar o profissional numa máquina de mil braços com inúmeras funções e com o salário reduzido.
Como profissional, não concordo com as regras de mercado, mas infelizmente elas se fazem presentes: ou nos adaptamos ou somos realocados para o grupo dos desempregados. As multiplicidades de opiniões que surgiram com o surgimento das redes sociais digitais e a apologia do consumo  com  as novas tecnologias de difusão e distribuição de conteúdo mostram  que o futuro guarda mudanças mais profundas ao jornalismo, mas nem mesmo elas são precisas quando se aponta uma tendência ao Jornalismo do futuro.
Em 2011, vimos a Newsweek (uma das publicações mais tradicionais do mundo, deixar de circular em meio impresso e só se restringir ao Online). Em contrapartida, o The Daily, que apostou na era da comercialização digital da informação através do iPad, vai encerrar as atividades no início de 2013 por não apresentar o resultado além do esperado. 
Se não chegamos a um consenso sobre como se dará o consumo da informação no futuro, como poderemos ser pretensiosos o bastante para afirmar que o jornalismo impresso acabaria dentro de alguns anos?! Vou mais além: existe quem aponte de que forma sobreviverá o jornalismo que conhecemos, no futuro. 
Uma coisa para mim é certa: continuaremos lendo confortavelmente as revistas e os folhetins impressos por muitos anos. Continuaremos ludibriados pelas editorias inescrupulosas de seus jornais. Continuaremos tendo nossas opiniões mediadas pelos jornais e isso, não mudará nem nesta, nem na próxima década.

Rafael Gomes