Ao pesquisar sobre um significado, ou mesmo referência do que seja a geração Y, encontrei no sintético texto da Wikipédia o conteúdo necessário para produzir a minha reflexão acerca do tema deste artigo, e, antes de discorrer sobre este, reproduzo aqui o referido texto*:
“A geração Y, também chamada geração do milênio ou geração da Internet, é um conceito em Sociologia que se refere, segundo alguns autores, à corte dos nascidos após 1980 e, segundo outros, de meados da década de 1970 até meados da década de 1990, sendo sucedida pela geração Z.
Essa geração desenvolveu-se numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica. Os pais, não querendo repetir o abandono das gerações anteriores, encheram-nos de presentes, atenções e atividades, fomentando a autoestima de seus filhos. Eles cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas. Acostumados a conseguirem o que querem, não se sujeitam às tarefas subalternas de início de carreira e lutam por salários ambiciosos desde cedo. Uma de suas características atuais é a utilização de aparelhos de telefonia celular para muitas outras finalidades além de apenas fazer e receber ligações como é característico das gerações anteriores.
Enquanto grupo crescente, tem se tornado o público-alvo das ofertas de novos serviços e na difusão de novas tecnologias. As empresas desses segmentos visam a atender essa nova geração de consumidores, que constitui um público exigente e ávido por inovações. Preocupados com o meio ambiente e as causas sociais, têm um ponto de vista diferente das gerações anteriores, que viveram épocas de guerras e desemprego. Com o mundo praticamente estável e mais favorável à liberdade de expressão, esses jovens conseguiram se preocupar com valores antes menos prioritários como vida pessoal, bem-estar e enriquecimento pessoal.” - Wikipedia
Os jovens da geração que ficou conhecida como “os filhos da ditadura” sofrearam, foram às ruas, lutaram. Tinham claras perante o conjunto da sociedade as suas bandeiras, que eram a democracia, a liberdade de expressão e a garantia dos direitos civis. Esta geração que viu muitos de seus companheiros e convivas tombarem, sucumbirem à implacável repressão militar, fruto da estreiteza de pensamento e da radicalização das ações, e, ainda assim, foi capaz de lutar contra todo tipo de intolerância. Hoje, como resultado justo e merecido das lutas e do longo caminho percorrido com suor e sangue, esta geração disputou democraticamente através dos processos eleitorais a conquista de espaços e governos, e hoje ocupa os espaços de poder, construindo, na política, tudo aquilo pelo qual lutaram em sua mocidade.
Decerto a juventude de hoje encontrou um caminho já devidamente alargado, calçado, frondoso. Não há disputas de sangue, nem perseguição ditatorial. A censura, por vezes, fica a cargo dos limites da própria consciência e da capacidade de absorver e manter os valores morais. As conseqüências – não tão boas, a bem da verdade – deste caminho já sem tão duros obstáculos, dentre outros, é que não há uma bandeira clara na luta juvenil contemporânea, e se há, não está sendo comunicada devidamente ao conjunto da sociedade. Falta-nos ocupar devidamente as agendas e os debates nos veículos de comunicação, investir mais nas mídias sociais e proporcionar oportunidades de debates mais amplos, participar melhor e mais qualificadamente da produção cultural que é destinada à nossa juventude, pois é esse conteúdo que influencia e questionam valores, dita modas e aponta caminhos, pois poucos são aqueles que ocupam espaço na agenda de debates proposta pela mídia e pela própria coletividade. E ressalve-se ainda que não é boa idéia aguardar apenas pelos debates propostos pela mídia, pois estes são poucos e algumas vezes direcionados. Há que se propor uma agenda própria e consistente de debates.
Muitos ocupam espaços de governo e em mandatos, emanados da liderança adquirida ou conquistada legitimamente em grupos representativos, porém segmentados, e aprenderam a desenvolver o processo de construção política tendo o suporte da estrutura disponível, o que por si já deve ser encarada como outra fragilidade a ser corrigida.
Será esse o correto aprendizado? E o debate na política a ser realizado com o conjunto da sociedade, não em nome de governos ou mandatos, mas em nome da própria juventude? Dialogar sobre juventude para além da juventude. Agir de maneira convincente, apresentar-se da maneira correta, saber posicionar-se entre os contemporâneos sem parecer afoito ou disposto a queimar etapas. Construir sem amarras ou relações de dependência.
Enfim, estará disposta esta juventude a fazer este debate, ou mais além, fazer o debate e mostrar-se capaz de construir, como diz o ditado, “com a sola do sapato e a saliva da boca”? Eis o desfio da conquista do respeito e do espaço pela vivência e pela prova concreta de capacidade, assim como os que hoje estão no poder o fizeram um dia.