sexta-feira, 8 de abril de 2011

Água e cidadania


Para reflexão, o blog publica hoje o texto da amiga Linei Pereira, estudante do curso de Geografia da UFS. Leiam, Discordem. Comentem!

O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. O dia 22 de março de cada ano é destinado à discussão sobre os diversos temas relacionados a este importante bem natural. O objetivo desta data deve estar voltado à reflexão, análise e conscientização no dia-a-dia para o USO CIDADÃO dessa fonte milagrosa.
Segundo a Declaração Universal dos Direitos da Água, a água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. Dado o exposto, podemos notar que há uma forte relação entre os temas “água” e “cidadania”.
No Brasil, ainda existem pessoas que não possuem acesso a água potável. O Brasil possui cerca de 15% dos recursos hídricos disponíveis no mundo, entretanto, o volume de água disponível para consumo humano é de cerca de 3%, o que torna ainda mais essencial a necessidade de uma gestão eficiente dos recursos hídricos.
O grande vilão destes tempos é o desperdício. Metade da água distribuída no mundo inteiro é desperdiçada. Para que seja produzido um quilo de carne bovina, são gastos 15 mil litros de água; para um quilo de vegetais, mil e 300 litros. Um ovo nos custaria mais de mil litros; ressalta o teólogo, filósofo e ecologista Leonardo Boff. O maior desperdício vem da má utilização, distribuição irregular e poluição. A destruição da cobertura vegetal altera radicalmente a distribuição dos reservatórios. A falta das matas ciliares permite que as águas escorram em velocidade inconveniente para os cursos principais, provocando assoreamentos e não raramente enchentes no período de chuvas e escassez no período de secas.
Acabamos por esquecer que a vida só se tornou perceptível após o aparecimento da água no planeta. A água sempre esteve acoplada ao desenvolvimento das civilizações. A título de ilustração, podemos observar a história da capital do nosso estado, Aracaju, que até então era chamada de “Povoado de Santo Antonio do Aracaju”. Este povoado foi elevado à categoria de cidade e recebeu o título de capital da Província de Sergipe Del Rey, graças a sua localização praiana, perto da Foz do Rio Sergipe.
Sem água de boa qualidade não existe futuro para os núcleos sociais, sejam eles rurais ou urbanos. Não é possível argumentar sobre qualidade de vida quando os recursos hídricos estão comprometidos. Se quisermos projetar um futuro melhor para essa e para as próximas gerações, precisamos necessariamente priorizar o tema “água” — no contexto social, econômico e político.
O Rio São Francisco, tão grande e imponente em tempos passados, pede socorro pelo descaso e maus tratos sofridos, pela degradação humana, não podemos nos calar e esperar que essa nossa riqueza natural vire apenas mais uma parte da nossa história, precisamos conscientizar as gerações quanto a necessidade de preservação, fazendo com que possamos ver esse nosso formoso rio cada dia mais forte e volte a ser a fonte de renda que todos os sergipanos, principalmente os ribeirinhos tanto precisam.
Sendo a água um elemento fundamental para a sustentação da qualidade de vida, seja numa pequena comunidade ou numa metrópole, e considerando que o ser humano é o principal responsável pela degradação dos recursos hídricos do planeta. Saber cuidar da nossa água é uma atitude cidadã. É essencial que saibamos CONSTRUIR JUNTOS uma consciência de valorização deste bem tão precioso: a “água nossa de cada dia”.

Linei Pereira
Estudante de Geografia pela Universidade Federal de Sergipe
Maruim - Sergipe

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Juventude, Geração Y e a construção de um novo ser social


Ao pesquisar sobre um significado, ou mesmo referência do que seja a geração Y, encontrei no sintético texto da Wikipédia o conteúdo necessário para produzir a minha reflexão acerca do tema deste artigo, e, antes de discorrer sobre este, reproduzo aqui o referido texto*:

“A geração Y, também chamada geração do milênio ou geração da Internet, é um conceito em Sociologia que se refere, segundo alguns autores, à corte dos nascidos após 1980 e, segundo outros, de meados da década de 1970 até meados da década de 1990, sendo sucedida pela geração Z.
Essa geração desenvolveu-se numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica. Os pais, não querendo repetir o abandono das gerações anteriores, encheram-nos de presentes, atenções e atividades, fomentando a autoestima de seus filhos. Eles cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas. Acostumados a conseguirem o que querem, não se sujeitam às tarefas subalternas de início de carreira e lutam por salários ambiciosos desde cedo. Uma de suas características atuais é a utilização de aparelhos de telefonia celular para muitas outras finalidades além de apenas fazer e receber ligações como é característico das gerações anteriores.
Enquanto grupo crescente, tem se tornado o público-alvo das ofertas de novos serviços e na difusão de novas tecnologias. As empresas desses segmentos visam a atender essa nova geração de consumidores, que constitui um público exigente e ávido por inovações. Preocupados com o meio ambiente e as causas sociais, têm um ponto de vista diferente das gerações anteriores, que viveram épocas de guerras e desemprego. Com o mundo praticamente estável e mais favorável à liberdade de expressão, esses jovens conseguiram se preocupar com valores antes menos prioritários como vida pessoal, bem-estar e enriquecimento pessoal.” - Wikipedia

Os jovens da geração que ficou conhecida como “os filhos da ditadura” sofrearam, foram às ruas, lutaram. Tinham claras perante o conjunto da sociedade as suas bandeiras, que eram a democracia, a liberdade de expressão e a garantia dos direitos civis. Esta geração que viu muitos de seus companheiros e convivas tombarem, sucumbirem à implacável repressão militar, fruto da estreiteza de pensamento e da radicalização das ações, e, ainda assim, foi capaz de lutar contra todo tipo de intolerância. Hoje, como resultado justo e merecido das lutas e do longo caminho percorrido com suor e sangue, esta geração disputou democraticamente através dos processos eleitorais a conquista de espaços e governos, e hoje ocupa os espaços de poder, construindo, na política, tudo aquilo pelo qual lutaram em sua mocidade.
Decerto a juventude de hoje encontrou um caminho já devidamente alargado, calçado, frondoso. Não há disputas de sangue, nem perseguição ditatorial. A censura, por vezes, fica a cargo dos limites da própria consciência e da capacidade de absorver e manter os valores morais. As conseqüências – não tão boas, a bem da verdade – deste caminho já sem tão duros obstáculos, dentre outros, é que não há uma bandeira clara na luta juvenil contemporânea, e se há, não está sendo comunicada devidamente ao conjunto da sociedade. Falta-nos ocupar devidamente as agendas e os debates nos veículos de comunicação, investir mais nas mídias sociais e proporcionar oportunidades de debates mais amplos, participar melhor e mais qualificadamente da produção cultural que é destinada à nossa juventude, pois é esse conteúdo que influencia e questionam valores, dita modas e aponta caminhos, pois poucos são aqueles que ocupam espaço na agenda de debates proposta pela mídia e pela própria coletividade. E ressalve-se ainda que não é boa idéia aguardar apenas pelos debates propostos pela mídia, pois estes são poucos e algumas vezes direcionados. Há que se propor uma agenda própria e consistente de debates.
Muitos ocupam espaços de governo e em mandatos, emanados da liderança adquirida ou conquistada legitimamente em grupos representativos, porém segmentados, e aprenderam a desenvolver o processo de construção política tendo o suporte da estrutura disponível, o que por si já deve ser encarada como outra fragilidade a ser corrigida.
Será esse o correto aprendizado? E o debate na política a ser realizado com o conjunto da sociedade, não em nome de governos ou mandatos, mas em nome da própria juventude? Dialogar sobre juventude para além da juventude. Agir de maneira convincente, apresentar-se da maneira correta, saber posicionar-se entre os contemporâneos sem parecer afoito ou disposto a queimar etapas. Construir sem amarras ou relações de dependência.
Enfim, estará disposta esta juventude a fazer este debate, ou mais além, fazer o debate e mostrar-se capaz de construir, como diz o ditado, “com a sola do sapato e a saliva da boca”? Eis o desfio da conquista do respeito e do espaço pela vivência e pela prova concreta de capacidade, assim como os que hoje estão no poder o fizeram um dia.

(*) Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%A3o_Y